Ilha de São Jorge ou a Fajã de Santo Cristo
quarta-feira, julho 19, 2017
" Num determinado ponto da vida, a beleza do mundo torna-se suficiente. Já não precisas de fotografar, pintar ou até recordar. É suficiente." Toni Morrison
Acho que foi isso que me aconteceu em São Jorge. Tudo era tão belo que passei a maior parte do tempo só a contemplar. Esqueci-me de fotografar. Só dei conta disso depois. Descubro agora também que não tenho muito jeito para os relatos factuais. Falo mais do que sinto. Falo da forma como vivi e senti as coisas naquele lugar, naquele momento...
Aqui tem de se gostar de silêncios.Em muitas paisagens dos Açores só os pássaros quebram os silêncios, sentimo-nos apenas mais um elemento da natureza, como se estivéssemos sozinhos naquele mundo mágico.E cada ilha é mesmo única!
Aqui tem de se gostar de silêncios.Em muitas paisagens dos Açores só os pássaros quebram os silêncios, sentimo-nos apenas mais um elemento da natureza, como se estivéssemos sozinhos naquele mundo mágico.E cada ilha é mesmo única!
E assim deixámos mais uma vez o Pico, para partir no primeiro barco da manhã, à descoberta de São Jorge. O percurso de barco, mais longo, cerca de uma hora, dá tempo para encontros inesquecíveis...
À medida que o barco se aproxima da Ilha avistamos as nuvens que se escarracham, descaradamente, em cima dela aproveitando o formato estreito e comprido da mesma. Cheia de arribas, falésias e fajãs, são as fajãs que mais seduzem quem a quer conhecer, sendo pequenas planícies junto ao mar originadas por desabamento de terras ou lava e onde, muitas vezes, o único acesso possível é pedestre.
Um dia é insuficiente para conhecer a ilha, mesmo levando o carro, mas o meu amor ao Pico fez com que aí assentasse arraiais para dormir e ficasse apenas por um dia nas outras ilhas. Malhas que o coração tece!
No que era possível ver num dia, o objectivo era ficar com uma ideia geral da ilha para explorar noutra viagem, e poder descer e conhecer a Fajã de Santo Cristo! Quando chegámos a Velas começámos por nos encaminhar para a Ponta dos Rosais, mas era exactamente aí que as nuvens se tinham sentado e ficámos pelo Parque Florestal das Sete Fontes que, envolvido por elas, se apresentava pleno de mistério.
Parque Florestal das Sete Fontes
Seguimos depois de carro até à Fajã do Ouvidor onde descemos e aproveitámos para fazer um "picnic" com os "mantimentos" que levávamos. O destino era incerto, o caminho longo e quando se anda a fazer fotografia perde-se a noção do tempo. Na Fajã do Ouvidor, pecado meu, nem uma foto tirei de tão ansiosa que estava por me fazer ao caminho para a Fajã de Santo Cristo. Quando estou assim torno-me obstinada e impaciente, igual ao burro do Shrek, sempre a perguntar quando é que chegamos...
Para chegar a essa Fajã existem 2 percursos pedestres possíveis: o trilho que parte da Serra do Topo junto ao Parque Eólico e um trilho que parte da Fajã dos Cubres, junto à orla costeira, menos demorado e envolvendo menos logística (porque seguindo pela Serra do Topo implica deixar o carro na Fajã dos Cubres e apanhar um táxi até ao Parque Eólico ou vice-versa).
Fajã dos Cubres
Escolhemos o percurso mais rápido e que envolvia menos logística, mesmo assim, deixando o carro na Fajã dos Cubres, andámos a pé, cerca de 1 hora, debaixo um calor húmido com subidas e descidas. Dizem que o outro percurso, que parte do Parque Eólico é ainda mais belo, mas este superou todas as expectativas.
Encontrámos poucas pessoas pelo caminho, que foi quase só nosso, apenas interrompido por uma ou outra moto 4 a transportar materiais ou outros bens ali necessários. Isto porque o terramoto de 1980, causou desmoronamentos nos acessos à fajã isolando-a do resto do mundo, sendo necessário transportar tudo para lá de moto4 ou apenas de barco.
Pelo caminho passámos pela Fajã do Belo...
...e finalmente avista-se, deslumbrante a Fajã de Santo Cristo!
Habitada por pouca gente a Fajã é considerada um santuário do bodyboard e surf, sendo procurada por praticantes da modalidade vindos de todo o mundo. Num ambiente quase hippie são sobretudo jovens, turistas e alguns habitantes pontuais que ali se alojam nalgumas das casas reconstruidas (porque quase toda a população saiu dali aquando do terramoto, resgatados pela Força Aérea, emigrando para outros locais).
Desde que chegámos deambulámos por ali, até encontrar-mos o café Borges ( o único existente no local) a tempo de ficar com o último prato das famosas e enormes ameijoas acompanhadas de imperiais e por fim um café!"Café de cafeteira" porque só há a electricidade produzida por geradores.
Pelo caminho passámos pela Fajã do Belo...
...e finalmente avista-se, deslumbrante a Fajã de Santo Cristo!
Habitada por pouca gente a Fajã é considerada um santuário do bodyboard e surf, sendo procurada por praticantes da modalidade vindos de todo o mundo. Num ambiente quase hippie são sobretudo jovens, turistas e alguns habitantes pontuais que ali se alojam nalgumas das casas reconstruidas (porque quase toda a população saiu dali aquando do terramoto, resgatados pela Força Aérea, emigrando para outros locais).
Desde que chegámos deambulámos por ali, até encontrar-mos o café Borges ( o único existente no local) a tempo de ficar com o último prato das famosas e enormes ameijoas acompanhadas de imperiais e por fim um café!"Café de cafeteira" porque só há a electricidade produzida por geradores.
Fajã de Santo Cristo
Janela de 3 escotilhas característica de São Jorge
"Capuchinho Vermelho e o Lobo Mau " - jovem à espera do namorado que fazia surf
Depois fazer novamente todo o caminho de regresso até à Fajã dos Cumbres...
No final da caminhada apanhámos o carro, onde estava estacionado, e seguimos até ao Parque Eólico. Descemos a uma ou outra vertiginosa Fajã, (todas com estradas alcatroadas e habitadas) e regressámos a Velas apenas a tempo de apanhar o último barco. Não foi suficiente!
0 Comments
Quer comentar?