Auto Caravana Vila Nova de Milfontes/Porto Covo
quarta-feira, setembro 18, 2019"Fino, estranho, inacabado, é sempre o destino da gente." Guimarães Rosa
Aos 8 anos tentei fugir com um circo! Era miúda, corria o ano de 1976, (devia estar embalada pelo espirito hippie, pós 25 de Abril), fiz amizade com os míudos do circo e pareceu-me uma vida fascinante ,andar de terra em terra, e viver numa caravana. Mas o destino não quiz que a coisa se desse e o circo partiu de madrugada, enquanto eu dormia. Na manhã em que partiram, descobri que partiram sem mim, quando abri a janela do meu quarto e vi o parapeito cheio dos meus brinquedos (que transportara, antecipadamente, para o circo na preparação da fuga). Suponho que a mãe de algum menino do circo fora lá devolvê-los...o que eu chorei nessa hora! Pensei ter-se esvaído ali, a minha única oportunidade de sair da aldeia e conhecer mundo! Quase morri de desesperança!
E porque "fino, estranho, inacabado, é sempre o destino da gente" agora vejo-me a andar de auto caravana sem esperar. Agora, que já não me apetece assim tanto viver com um circo e já perdi aquele espírito selvagem e rebelde dos 8 anos.
Até acho piada às auto caravanas mas não me fascinava particularmente ver-me lá dentro! De modos que estou em fase de experimentação, a ver como me sinto, não digo que não, mas estou assim... a modos que a experimentar!
Então vejamos:
- Não gosto da limitação do espaço (porque sou grande e gorda); não gosto de não poder levar os 600 brincos e 10 malas de roupa que me irão fazer tanta falta; não gosto de andar um bocado amarrotada e fraldisqueira, (apesar de até se tomar um bom banhinho lá dentro!).
- Gosto de poder dormir à beira-mar, acordar e descer para a praia deserta; gosto da liberdade de poder ficar ali no meio do nada, onde se veem melhor as estrelas; gosto de não ter que reservar hotel nem ficar condicionada com horários; gosto de poder sair do trabalho e ir dormir já ali...
Depois de um fim de semana em que tivera a casa cheia de amigos da filha, ( em que estive a fazer comida e sangrias) soube bem neste fim de semana sair do trabalho e rumar a Vila Nova de Milfontes, nomeadamente à Praia do Malhão (coordenadas 37.7864° N, 8.8016° W) onde é possível dormir mesmo em cima da Falésia, (depois de se fazer cerca de 2 Kms de estrada, de terra, em muito mau estado) e acordar com os surfistas a despontar no mar.
Uma coisa que tenho observado é que os caravanistas são muito desassossegados, e não ficam quietos num mesmo local por muito tempo. Igualmente nós, depois do pequeno almoço (tomado a bordo), rumámos para Vila Nova de Milfontes só para ir à Feira das Brunheiras que se realiza no 2º e 4º sábado de cada mês. Tenho sempre uma vontade nostálgica de voltar a esta feira, depois de muitos verões passados com as minhas meninas por ali ... naquela feira. No meio de muitas coisas vulgares aparecem por ali verdadeiros achados, (valiosos só para mim), com que posso completar a minha extensa coleção de toalhas e louças.
E claro que não me vim embora sem mais 2 dúzias de pratos e 3 panos para fazer toalhas de mesa novas!( não sei onde os vou arrumar!). No final das compras gosto de almoçar ali, numa tenda improvisada e ficar sentada, a observar aquela tão grande diversidade de gente que vai passando... entre alentejanos que descem do monte para ir à feira, estrangeiros de passagem e outros que aos poucos foram invadido e ficando pelos montes... tudo isto no meio de algumas tias" que vêm passar ferias ou têm casa por aqui.
E claro que não me vim embora sem mais 2 dúzias de pratos e 3 panos para fazer toalhas de mesa novas!( não sei onde os vou arrumar!). No final das compras gosto de almoçar ali, numa tenda improvisada e ficar sentada, a observar aquela tão grande diversidade de gente que vai passando... entre alentejanos que descem do monte para ir à feira, estrangeiros de passagem e outros que aos poucos foram invadido e ficando pelos montes... tudo isto no meio de algumas tias" que vêm passar ferias ou têm casa por aqui.
Depois de um almoço de frango assado, comido só com um garfo, rumamos a Porto Covo à Praia da Samoqueira ( Coordenadas 37.8680° N, 8.7933° W) onde ancoramos o barco, melhor a auto caravana, mesmo em cima do mar. De seguida descemos à praia e foi banhos e sol até ao fim do dia em que fomos de bicicleta até Porto Covo, ver o por do sol e jantar na Tasca do Xico (que foi escolhido ao acaso, quando passámos de bicicleta, mas que se revelou uma excelente opção que recomendo)!
Voltámos, já de noite e sem luzes nas bicicletas (esquecidas em casa), estrada fora, para a auto caravana (uma aventura) . Ainda deu tempo de eu meter conversa com uns alemães, que estavam ancorados ao lado e que andavam a correr a Europa de Caravana, com uma bebé de 6 meses.
No dia a seguir foi acordar e descer diretamente para a praia onde tomei os melhores banhos de mar deste verão. Desta forma, continuo em avaliações, neste "inacabado destino"!
Voltámos, já de noite e sem luzes nas bicicletas (esquecidas em casa), estrada fora, para a auto caravana (uma aventura) . Ainda deu tempo de eu meter conversa com uns alemães, que estavam ancorados ao lado e que andavam a correr a Europa de Caravana, com uma bebé de 6 meses.
No dia a seguir foi acordar e descer diretamente para a praia onde tomei os melhores banhos de mar deste verão. Desta forma, continuo em avaliações, neste "inacabado destino"!
5 Comments
Adorei o teu sonho de criança! Se eu tivesse nascido uns anos mais tarde, teria estudado no Chapitô, talvez tivesse sido trapezista ☺️☺️
ResponderEliminarOpá Marilia! que grande revelação! Estás sempre a surpreender-me! beijinhos
EliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarSonhei ir (e voltar, sempre) mas não com o circo, embora adorasse quando o circo se instalava em Arraiolos. Lembro-me do cheiro e do pó e o que gostava dos trapézios
ResponderEliminarQuerida Florbela! Não acredito que fugisses para muito longe do Alentejo! Só ias andar com circos alentejanos ! Mas naquela altura o Circo era cheio de fantasia! beijinhos
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