"O preto domina tudo. Assim como o branco. Eles são beleza absoluta." Coco Chanel

É de côco mas não é Chanel!

È daqueles coqueiros da Guiné a que Marcelino, indiferente á existência das modas de Paris, subia para apanhar os cocos que haviam de ser a subsistência da familia. Filho de Injai e de Inai, Marcelino era negro, muito negro mas trazia nos olhos um olhar doce de açúcar. Quando lhe perguntei o que fazia Marcelino sorriu e falou-me dos coqueiros, dos campos de arroz e de amendoim onde trabalhara com o pai, até o tio lhe querer pagar os estudos na Rússia. Quando este lhe falhou os pagamentos,estava no 11º ano, rumou a Portugal para trabalhar, como servente nas obras, mas mantinha a doçura e os olhos brilhavam quando falava dos coqueiros e de Ivandro, Leandro e Benvinda os 3 filhos que deixara na sua África.

No final levantou-se, de pasta na mão, estendeu-me a mão com um enorme e branco sorriso. Agradeceu o meu sorriso. No brilho do seu negro trazia uma camisa branca, imaculada, impecavelmente engomada, onde pendia um terço castanho por cima. Era de uma beleza absoluta!