setembro 2017

Lugar de Outono

Quadrados de Maçã e Nozes Pecan

"(...)O amarelo quente, cor de açafrão, o castanho doce, cor de mel, o vermelho nobre, quase grená, cor de ameixa. Estas são as três cores de um quadro chamado Outono, e o pintor é o vento, que as mistura, que as mescla sem ordem."João Morgado

São as cores do fim de um Verão que passou, para mim, demasiado rápido, começando o cheiro a mar a ficar uma nostalgia. A luz do sol sente-se mais fraca, os dias mais pequenos, e começa a apetecer aromas quentes de canela, maçã e nozes, como se vestíssemos um casaco de malha pela primeira vez depois do calor, quando chega o frio. E sabe bem ...

Este ano senti falta de jantares de verão no meu jardim e outros, que por uma razão ou por outra, não foram feitos nas noites quentes de verão. Até para almoçar neste verão, o jardim por aqui foi pouco usado, sempre açoitado pelo vento que não abandonou o Oeste, para além dos dias que estiveram pintados de cinzento.

Ontem fui a um jantar de amigos, já de Outono, mas na sua casa à beira-mar. Mais importante que o jantar, foi poder ficar até às tantas, na conversa, com muitas gargalhadas! Sem telemóveis, nem TV, não por imposição, mas porque a conversa basta e vai rolando, enquanto se saboreia a comida e experimentando um e outro vinho.

Para casa dos anfitriões levei uma entrada e esta sobremesa de maçã e nozes pecan que fez sucesso ( pelo menos foi desaparecendo ao longo da noite). E no meio da conversa, como a anfitriã é adepta de uma alimentação saudável, ficou lançado o desafio ao blogue Feel Good, (de que ela é autora), de reinventar esta receita, substituindo alguns ingredientes por outros mais saudáveis, mantendo o sabor e as mesmas cores de Outono.

RECEITA

· 200 gramas de farinha de trigo com fermento

· 1 colher (chá) de sal

· 2 colheres (chá) de canela em pó

· 60 gramas de manteiga, derretida

· 100 gramas de açúcar louro

· 50 gramas de açúcar branco

· 3 ovos

· 1 colher (café) de extrato de baunilha

· 3 maçãs reinetas partidas em bocadinhos pequenos

· 150 gramas de nozes pecan

· 2 colheres (sopa) de açúcar louro

· 2 colheres (chá) de canela em pó

Pré-aquecer o forno a 180ºC. Untar um tabuleiro com margarina, forrar com papel vegetal, untar novamente com margarina e polvilhar com farinha.

Depois peneirar a farinha, o sal e a colher de chá de canela misturando tudo bem.

Numa tigela grande coloque a manteiga (previamente derretida no micro ondas ou em banho- maria, o açúcar louro + o açúcar branco.Misturar bem os ingredientes. Adicionar os ovos e a baunilha, mexer bem. Em seguida acrescentar os ingredientes peneirados. Deitar a massa no tabuleiro untado de forma a ficar bem nivelado e por cima deitar as maçãs partidas em bocadinhos muito pequenos e as nozes pecan inteiras.

Numa taça pequena misturar o restante açúcar e canela e polvilhar a massa com esta mistura. Colocar no forno pré-aquecido a cozer cerca de 30/45 minutos.

Depois de cozido deixar arrefecer na forma para depois cortar os quadrados no tamanho desejado.

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, by Filomena Francisco

In Condimento,

Piripíri Caseiro

"Deus fez o alimento, o diabo acrescentou o tempero"James Joyce

É no tempero que tenho um fraquinho diabólico por comida picante! Gosto de tudo com picante, apesar de não pôr picante em tudo. Tive que moderar esta minha tendência ao cozinhar para os outros e muitas vezes deixo o picante na mesa, para alguém que queira acrescentar na hora de comer. Mas para mim não é a mesma coisa! Ou cozinho logo com o picante ou já não lhe sinto o mesmo sabor acrescentado depois. E o Piripíri que faço é tão forte que, mesmo a cozinhar tenho que ter muito cuidado ao colocá-lo: basta molhar a colher e colocar na comida para ficar logo bastante picante.

Certa noite tive um convidado belga a jantar aqui em casa. E apesar da comida não apelar a tal, o convidado pediu se eu tinha picante para colocar na comida, porque gostava muito. Fui buscar-lhe o frasco alertando-o bastante para ter cuidado ao colocar na comida, porque era muito forte. Ele respondeu que viajara pelo mundo todo, que já comera de tudo, de todos os tipos de picante e que estava habituado. Posto isto serviu-se do Piripíri colocando bastante na comida, perante o meu olhar atónito.

Logo à primeira garfada ficou instantaneamente muito vermelho (ele que era branco e louro), começou a suar em bica e os óculos ficaram completamente embaciados. Pensámos que ia ter uma paragem cardíaca e levantamos-nos todos da mesa para o socorrer! Pelo menos nunca irá dizer, em parte nenhuma do mundo, que o picante português é fraquinho!! E também nunca mais se deve ter esquecido daquele jantar!

Receita

Pique no "123" os Piripíris de forma grosseira e deixe alguns inteiros. Num frasco coloque 1/3 do volume de Piripíris, 2 alhos descascados e 2 folhas de louro. Complete o frasco metade de azeite e metade de whisky (ou aguardente ou vodka ou qualquer coisa com álcool).

Feche hermeticamente o frasco e guarde. Quanto mais tempo estiver a "marinar" mais forte fica. Depois de aberto o frasco pode guardar-se no frigorífico que dura muito tempo.
(Cuidado ao manusear os Piripíris porque se não utilizar luvas corre o risco de irritar os olhos e restantes mucosas porque são diabólicos!)

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, by Filomena Francisco

In Travel, Viagens

Palácio dos Marqueses de Fronteira

“Não tenho nenhum outro lugar para ir que não sejam todos os lugares e continuar rolando sob as estrelas” Jack Kerouac

Ao rolar sob as estrelas, os lugares e as circunstâncias vão-nos moldando e mudando...durante uns anos, depois do meu divórcio vivi sozinha com as meninas, na altura com 9 e 7 anos. Foi por essa altura que as 3 tivemos que reinventar os lugares, os tempos, os hábitos e tradições. E apesar da tradição de cantar os parabéns à meia-noite do dia do aniversario, já existir, tornou-se hábito que no dia de aniversário o aniversariante escolhesse onde, com quem e como queria passar esse dia. É soberano(a) e os outros acedem à sua vontade 😄. Muitas vezes nem o próprio(a) consegue decidir qual o programa que quer fazer e fica tudo em suspense até à última hora.

Desta vez a aniversariante, interessada em tudo quanto é Arte e Palácios, escolheu visitar o Palácio dos Marqueses de Fronteira, em São Domingos de Benfica, perto do Parque Florestal de Monsanto, do qual mal tinha ouvido falar. Integrámos a 3 (eu e filhas) uma das visitas guiadas do Palácio, em Francês e Português, mas éramos as únicas portuguesas. Todas as pessoas que por ali estavam eram estrangeiras, e é pena que não se encontrem por lá mais portugueses porque é um Palácio, no mínimo, invulgar, com a dupla condição de ser residência familiar e Monumento Nacional (desde 1982). Por esse motivo não foi possível fotografar o interior do Palácio, que ainda é habitado pela família Mascarenhas, na ala (não visitável), que foi acrescentada no século XVIII ao edifício original do palácio.

Inicialmente construído, no século XVII, com o objetivo de ser uma casa de férias, um pavilhão de caça, por D. João de Mascarenhas, 1.º marquês de Fronteira , uma vez o local era fora da cidade, numa quinta, (que ficava a 3 horas de cavalo do Chiado), onde a família residia.

As circunstâncias vieram a mudar a história deste lugarl e da família: o grande terramoto de 1755! Com Lisboa destruída e a casa da família no Chiado reduzida a escombros a família mudou-se para este local que não sofrera grandes estragos.

Foi, nessa altura, acrescentada uma nova ala,construída no século XVIII para acolher toda a família, fechando-se varandas para ganhar espaço, e passando os tectos brancos a estar trabalhados em estuque.

Na parte mais antiga é sobretudo a azulejaria, única no mundo, que se destaca nas paredes do palácio, onde, na designada Sala das Batalhas, se retratam oito episódios das guerras da Restauração, em que João de Mascarenhas se distinguiu como herói na guerra contra os Espanhóis,( ao que não foi alheia a atribuição do título de marquês de Fronteira). Logo a seguir está a Sala dos Painéis, com um conjunto de azulejos holandeses do século XVII, e duas salas, menos monumentais, mais intimistas ainda utilizadas pela família, onde se podem ver retratos da 4.ª Marquesa de Alorna, Dona Leonor, poetisa, e um dos membros mais "mediáticos" da história da família.

Os azulejos dominam também os exteriores, seja no terraço ou no tanque monumental. No terraço painéis representando as sete artes liberais, acompanhados por estátuas de divindades gregas ao que não falta, com algum sentido de humor pintado em pequenos painéis de azulejos satíricos.

Do terraço tem-se acesso à capela onde reza a lenda que o 1.º marquês de Fronteira, tendo convidado D. Pedro para a inauguração do palácio, de seguida mandou partir toda a loiça que se usara no banquete. Esta acabou a decorar as paredes com pedaços de porcelana, além de pedras e conchas.

Saindo do terraço acede-se ao chamado jardim de cima e ao mais monumental, imagem de marca do Palácio de Fronteira, o jardim de baixo, mais conhecido como jardim formal. Em 2014, o livro "The Gardener's Garden", publicado pela editora britânica Phaidon Press, elegeu os 250 jardins mais notáveis de todo o mundo, onde figura este jardim (e mais 4 jardins portugueses) ao lado de locais emblemáticos como o Taj Mahal ou dos Jardins de Versalhes.

Feito já no século XVII, à imagem dos jardins italianos do século anterior, dominado a sul por um lago por escadarias, encimado por uma galeria de esculturas com os bustos dos reis portugueses.

Por todo o mural que limita o Jardim podemos admirar azulejos com pinturas que ilustram os meses do ano, os quatro elementos e os signos do zodíaco.

Não é difícil neste recanto mágico, na surpreendente circunstância de estarmos no meio de Lisboa, ficarmos por ali a vaguear em sonhos e sentirmo-nos transportados para outro tempo e para outro lugar...

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, by Filomena Francisco

In Bolos, Doces

Bolinhos de Nata e Côco

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, by Filomena Francisco

In Fotografia, Travel

Alcácer do Sal e Comporta

"Minhas mãos ainda estão molhadas do azul das ondas entreabertas e a cor que escorre dos meus dedos, colore as areias desertas"Cecília Meireles

Estão molhadas do azul brilhante do Céu, do Azul das barras das casas e do imenso Azul do mar da praia da Comporta!

Há sítios assim: onde nos sentimos bem sem conseguir explicar porquê...é talvez a energia do local em sintonia com a nossa energia...da mesma forma que há sítios onde não nos sentimos bem, sem que haja qualquer razão para tal.

Toda a zona de Álcacer do Sal me encanta: não sei se são os campos de arrozais, se é o Rio Sado, o choco frito , as cegonhas, os doces de pinhão , se aquela imensidão alentejana...

foto by Cármen Fonseca

E se é cada vez mais difícil conseguir passar férias com as minhas filhas (dada a multiplicidade de "interesses", "eventos" e "afazeres" que têm), este é o destino que reúne sempre consenso e vontade de ir! Por isso rumámos para lá durante 3 dias, ficando em Alcácer do Sal, sem pressas nem horas, desfrutando sobretudo da Praia da Comporta.

Em Alcácer gostamos sobretudo da zona à beira rio, ficando alojados mesmo com vista para o Sado, num sitio bastante simples mas ideal para dormir apenas (Valentina Place).

Deambulando por ali, aproveitámos para comer Choco frito numa das esplanadas, subir ao castelo, experimentar o restaurante a A Escola (numa antiga escola primária ) e voltar a um restaurante que já conhecíamos, o Porto Santana, cuja deliciosa comida e a simpatia do dono, nos dão sempre vontade de voltar.

Ainda com noites quentes soube bem andar por ali a pé. Em Alcácer o entardecer convida a contemplar...

Pela manhã, soube bem levantar sem horas e ir até à Vila da Comporta tomar o pequeno almoço, ou apenas um café, naquela antiga aldeia de pescadores agora transformada num espaço muito "cool".

No meio dos arrozais, no meio da simplicidade das casas de barra azul, a Vila ganhou um ar "hippie-chic", com lojas de rua, muitas delas de decoração e de "beach style" ,frequentadas por gente "endinheirada" e outras "gentes conhecidas" como recentemente a Madonna.

Indiferentes a tudo isso, nos telhados das casas, as cegonhas fazem descaradamente os ninhos a pouca altitude do chão, observando sem medo as pessoas e deixando-se observar de muito perto.

E ali mesmo ao lado da Vila, no meio de todo este cenário, situa-se o Porto Palafítico da Carrasqueira: uma construção feita por pescadores que, para prenderem os seus barcos, espetaram longas estacas na lama, criando um serpentear de tábuas e casinhas de madeira que se tornou num local único. As cores, as sombras, e os contrastes criam, sobretudo ao entardecer e com a maré cheia, condições excelentes para a fotografia mas desta vez optámos por não visitar.

Tudo por culpa da tentadora praia da Comporta, a minha preferida, com um imenso areal, inserida nos limites da Reserva Natural do Estuário do Sado, e que apresenta, no meio das dunas, um aspeto paradisíaco! Chegamos a ir e vir de propósito,desde Torres Vedras, no mesmo dia, só para desfrutar daquele mar de águas cristalinas!Trazemos sempre as mãos, o cabelo,todo o corpo, molhados de Azul...