Ilha do Pico III - A despedida

sábado, julho 22, 2017

"Se perderes a magia, perdes tudo. O que sobrar de ti não chega nem para cumprimentar o teu vizinho" Joaquim Pessoa
Os outros dias no Pico foram passados à descoberta por estradas principais, por caminhos junto da costa, pelo seu interior...Houve sítios em que tivemos que voltar atrás porque não se conseguia ver o caminho, tal era o nevoeiro e a chuva miudinha, (como na Lagoa do Capitão) e houve caminhos em que as vacas nos bloquearam a passagem, apoderadas de tal forma da estrada, que aí permaneciam deitadas sem deixar passar. E houve ainda dias sol em que pudemos tomar banho nas famosas "poças" e secar em cima das rochas!

Poça de Criação Velha
Houve sítios em que voltámos várias vezes porque nos sentíamos lá bem a olhar o mar...ou sentados numa esplanada, como em Lajes do Pico, Capital da Cultura da Baleia.
Cheia de turistas jovens, de partida para o mergulho ou para observar baleias no mar, é lá que se encontra também o Museu dos Baleeiros (que guarda as memórias da caça à baleia que terminou em 1987). A vila tem uma luz muito própria que acolhe quem ali chega e onde apetece estar!
Lajes do Pico
Quando por fim a noite caía,  aproveitávamos para conhecer alguns restaurantes para jantar e provar os famosos vinhos do Pico. Movidos pelo cansaço ficávamos pela Madalena, variando entre os restaurantes que se tornaram favoritos: Ancoradouro (excelente vista e comida), no espetacular Cella Bar ( onde se pode jantar ou apenas ir beber um copo); o Petisca ( com uns ótimos petiscos mas muitas vezes com lotação esgotada!) e por fim descobrimos a Taberna do Canal, onde o Senhor Fernando, natural de Leiria, nos recebeu como se estivéssemos em sua casa.

Sempre com planos para subir ao Pico, resolvemos descer às suas entranhas, à Gruta das Torres. Tive que me encher de coragem para vencer a minha claustrofobia, mas senti que ali era uma boa forma de enfrentar esse medo...
Descoberta em 1990, situada em Criação Velha, perto da Madalena, é uma gruta de origem vulcânica, com cerca de 5 kms de extensão, sendo o maior tubo lávico conhecido em Portugal. A Gruta terá sido originada pela lava expelida por uma erupção vulcânica no Cabeço Bravo, podendo-se observar no seu interior curiosas estruturas geológicas. A visita (que tem que ser marcada previamente e custa 7 Euros) dura cerca de 1 hora, ao longo de uma extensão de cerca de 450 metros, acompanhada por um guia  entusiasta, que nos leva à descoberta em formato de expedição. À entrada é fornecido o equipamento necessário (capacete e uma lanterna) porque a gruta encontra-se sem qualquer tipo de iluminação, nem passadiços para andar, de forma a conservá-la no seu estado natural. Consegui superar a prova só com um raspão num dedo, mas ia morrendo quando uma brasileira, que ia no grupo propôs que desligássemos todos as lanternas e fizéssemos 1 minuto em silêncio, às escuras, para vermos qual era a sensação !! ( será que ela não conseguia apagar as luzes em casa para fazer a experiência??).

 Formação lávica no chão da Gruta - a Mona Lisa da Gruta das Torres

Já quase na despedida estávamos decididos a subir ao Pico. A montanha é caprichosa, esconde-se muitas vezes atrás de neblinas e nuvens. Da última vez que deixara o Pico tinha-lhe prometido que iria lá acima bem alto, que o haveria de conquistar. Mas quase todos os dias ele acordava caprichoso e inacessível e ali é sempre ele quem manda! Por fim num dia de sol dirigimo-nos à Casa da Montanha, para planear a subida para o dia seguinte e saber mais informações. Trouxemos os papéis para o devido registo que tem que ser feito antes da subida mas ( agora desiludam-se comigo!!) à última da hora desisti da subida. 

Foi talvez por cansaço ou foi porque tive medo de quebrar o feitiço que em mim o Pico exerce... quis ficar presa nessa magia... quis ficar com um motivo para ali voltar...

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