Coudelaria de Alter Real

quinta-feira, abril 27, 2017

"Como se me apresentaria o mundo se eu pudesse viajar em um raio de luz?" Albert Einstein.

Passei a infância na aldeia. Naquele tempo onde tudo era tranquilo, seguro e porque não dizer, "demasiado parado", tinha-se a sensação de que o tempo não passava. Por essa altura havia apenas 3 coisas que verdadeiramente me animavam:
- encontrar uma bicicleta encostada em qualquer lado, esquecida por momentos pelo dono, em que eu pudesse, à socapa, andar;
- a visita mensal da biblioteca itinerante da Gulbenkian que chegava cheia de livros novos para eu devorar;
-e a chegada de um circo à aldeia.  
Invariavelmente fazia amizade com os miúdos do circo! Que vida fascinante tinham! de tal forma que, com 8 anos,  depois de ter feito amizade com uma menina do Circo, decidi partir com ela quando se fossem embora. Sem ter nenhuma habilidade especial nem saber fazer malabarismo, pareceu-me certo que me aceitariam no Circo, nem que fosse como palhaço! 
Rapidamente, (e com total desconhecimento da minha mãe) transportei para a roullote dela todos os meus pertences pessoais: os meus brinquedos favoritos!
E que desilusão tão grande quando acordei pela manhã e ao abrir a janela do quarto, no parapeito, alguém (creio que a mãe da menina) tinha lá colocado todos os meus brinquedos. Mal me vesti, saí a correr até ao largo da aldeia, para ver se ainda lá estava o Circo e, grande desilusão! o largo da aldeia estava vazio! sem vestígios da tenda nem de toda a parafernália de carros e roullotes que o compõem. Acho que chorei 3 dias sem parar! Exagero! mas ainda hoje me lembro de forma muito viva dessa desilusão.
Ficou-me esta constante vontade de partir ... sair sem destino... Já viajei um pouco, andei por aí, e hoje, se não for para muito longe pelo menos pelas redondezas deste país maravilhoso que se chama Portugal.
Escusado será dizer que normalmente, sem saber muito bem como, vou sempre conhecendo pessoas aqui e ali e isso é uma parte fascinante da viagem. Ainda hoje sou amiga de um casal que conheci num comboio no Quénia, e com quem viajei um ano depois, até à Malásia.
Que seria eu sem as pessoas? São a minha verdadeira viagem!
E tinha que ser... mais uma vez conheci gente nesta pequena viagem. Encanto-me com as pessoas com que me cruzo! E foi um dia encantado por toda a visita à Coudelaria de Alter em Alter do Chão. O dia passou com a velocidade de um raio de luz! Já há algum tempo existia a vontade de a visitar, neste dia especifico, e este ano estava marcado que lá iríamos. Fundada em 1748, e considerada a mais antiga eguada do mundo, a Coudelaria de Alter faz todos os anos,no dia 24 de Abril  o seu leilão anual de cavalos e fica de portas abertas ao público que pode aceder livremente às suas instalações e contactar com os cavalos, éguas e potros. É um dia de festa com as instalações abertas e edifícios engalanados. Já imaginava que seria engraçado mas foi de tal forma envolvente que não dei pelo tempo passar! Cheguei ao fim do dia de alma cheia pelo toque terapêutico dos potros que se aproximavam, afáveis e curiosos, parecendo bambis!
Almoçámos mesmo na Coudelaria um menu que incluía caldo verde, entradas de pão,chouriço e presunto seguido de carne grelhada, mas no recinto havia também porco no espeto para comer em sandes. Depois de almoço o leilão decorreu com a demonstração dos cavalos e éguas para venda e com algumas demonstrações de arte equestre debaixo de um sol quente, que nos reteve sentados na sombra da bancada. O rebuçado final foi a "Saída da Eguada" para o campo que, para amantes da fotografia, se transforma num momento único de imagens. Para  o ano vou voltar! Durante o ano também pode visitar-se marcando Aqui.






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