O OVO: maio 2017

Irmãos

"Os amigos têm de ser inúteis. Isto é, bastarem só por existir e, maravilhosamente,sobrarem-nos na alma só por quem e como são. O porquê, o onde e o quando não interessam.A amizade não tem ponto de partida, nem percurso, nem objectivo." Miguel Esteves Cardoso

Levei muito tempo a admitir que há um tempo para certos amigos assim como há para as cerejas. Há amigos que aparecem e desaparecem num determinado momento da nossa vida. Lá devem desempenhar a sua função na nossa vida (ou nos ensinam alguma lição que têm a ensinar, ou nós a eles, segundo algumas teorias) e lá seguem a sua vidinha. Se nalguns casos isto corre ligeiro, noutros levei muito tempo a aceitar certos desaparecimentos súbitos. Até "arranhava paredes com as unhas" por não perceber isto e achava que só podia residir em mim a causa. E apesar de me ser muito fácil ter muita gente por perto, não sou de me manter por perto de muita gente. Quem me conhece sabe deste meu lado muito próprio e selvagem.

Agora começa a ser mais leve. Certamente não apreciaríamos as cerejas se todo o ano houvesse cerejas! Assim há um tempo para certos amigos! Apesar de ter amigos que se mantém no tempo mas, mesmo estes, que são amigos da vida e para a vida, também já não me martirizo por não termos tanto tempo quanto gostaría ou estarmos juntos mais vezes como gostaría. Quando temos tempo para estar juntos, esse tempo é sempre muito bom, e o curioso é que com esses amigos parece que nem nunca nos separámos, não obstante o tempo que passou.

E este fim-de-semana foi bom estar com uma amiga, daquelas que até poderia ter passado, desaparecido e nunca mais ter dito nada. Mas mesmo estando num momento profissional complicado de vez em quando liga-me a mim e a um grupo de amigas e diz: "não me esqueçam! olhem que vocês para mim são prá vida!assim que eu puder vamos sair e rir um bocado!" E assim foi : beber uns copos, noite dentro, rir a bandeiras despregadas, dizer umas quantas asneiras e desfiar conversas como quem come cerejas!

Receita

Ingredientes

120 gramas de farinha de amêndoa

40 gramas de açúcar de coco

2 ovos

2 colheres de sopa de óleo de coco

2 colheres sopa mel

4 colheres sopa de leite de Aveia ( ou de outro leite vegetal ou não)

Cerejas q.b. descaroçadas e divididas em metades

Batem-se bem todos os ingredientes.

Untam-se as formas com manteiga ou outra gordura e polvilham-se com farinha. Distribui-se a massa pelas formas pequenas de tarte e por cima deitam-se metades de cereja descaroçadas. Vai ao forno durante cerca de 15 a 20 minutos a cerca de 180º. Devo admitir que servi depois com chantilly bem gelado.

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, by Filomena Francisco

In Bolos, Doces

Bolo de Mousse de Limão

" O amor é um fenómeno muito paradoxal!" - Osho

Nas redes sociais toda a gente aparenta uma vida perfeita, pais perfeitos, filhos perfeitos, a relação perfeita! Todos queremos ter relações perfeitas.Como se existisse ou soubéssemos o que são relações perfeitas!

A verdade é que estamos sempre no meio de uma batalha entre a nossa vontade de amor, a vontade de liberdade e o nosso medo da solidão. Parece ser esta a essência de tudo! E por mais voltas que demos ao mundo, a nós próprios ou aos nossos encontros com os outros, a solidão é a nossa essência. Nunca deixaremos de estar sós por mais que acompanhados que apareçamos nas fotos!
Quando estamos numa relação temos ânsias de liberdade e quando estamos sós queremos fundir-nos num amor (de preferência daqueles bem "grudados" em que nos confundimos até como outro).

Talvez a relação perfeita existisse quando conseguíssemos "dançar" numa mesma relação com estas necessidades que cada um tem de às vezes estar só e de às vezes estar com o outro. Mas entretanto não há relações perfeitas, são mesmo assim: paradoxais, cheias de contradições, agridoces! Como este bolo que fiz, às pressas, para o teu aniversário! Mas que, mesmo nesse enorme contraste, ou por causa dele, estava delicioso!

Não foi um dia de aniversário perfeito. Não estive contigo como gostaria, porque a vida real não é tão perfeita como a maioria das pessoas a retrata. Fui mais uma vez atrás do Inem com a minha mãe para o Hospital, porque se sentiu mal e nos intervalos possíveis vim dar-te os parabéns! E conseguir ver ganharmos o Eurofestival da canção (o meu sonho de criança!). E como tudo é às vezes na vida, este bolo, foi paradoxal!

Receita:

Para o bolo:

4 ovos

1/2 chávena Chá de óleo

1 chávena chá açúcar

1 chávena chá leite

2 chávenas chá farinha trigo com fermento

Sumo e raspas de 1 limão

Bati todos os ingredientes numa batedeira. Numa forma untada com margarina, forrei com papel vegetal, voltei a barrar com margarina, polvilhei com farinha e levei o bolo ao forno pré-aquecido a 180ºC por 25 minutos (ou até que enfiando um palito no centro saia limpo).

Para a Mousse:

1/2 chávena sumo de limão

1 lata de leite condensado

1 pacote de natas frescas

Misturei o leite condensado com o sumo de limão até ficar bem homogéneo. Bati bem na batedeira e acrescentei as natas deixando bater mais um pouco.

Este bolo e o recheio fiz no dia anterior a servir e coloquei no frigorífico. No próprio dia cortei em 3 parte finas e recheei com a mousse tendo também coberto por cima com a mousse . Decorei apenas com raspas de um limão que estava mais verde e com alguns ramos de alecrim, já que o aniversariante adora alecrim!

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, by Filomena Francisco

In Travel, Viagens

Marvão - Portugal

"Ao erguermos a vista, não vemos fronteiras." Provérbio japonês

Aproveitando a ida a Alter do Chão e depois de dormir em Portalegre, o objetivo era chegar a Marvão, uma vila linda dentro de um castelo.Todo o caminho de Portalegre a Marvão é maravilhoso! De tão entretida com maravilhosos campos cheios de papoulas, misteriosos caminhos de nevoeiro e a majestosa presença de velhos castanheiros que me esqueci de fotografar, lá bem no alto dos rochedos, imponente, o Castelo de Marvão!
Desde criança que não sinto nenhum fascínio especial por Castelos e quando entro dentro de algum, só me prendo a coisas estranhas como velhas fechaduras, janelas assombradas e vestígios de outros tempos que restam nas paredes das casas.

Impressiona que aquele Castelo e a povoação ali tenham sido construídos naquela altura e imagino a "trabalheira" que deve ter dado a subir aquilo tudo, cada vez que o quiseram conquistar e reconquistar! E não foram assim tão poucas vezes que isso aconteceu! O alto daqueles rochedos foram sempre "apetecíveis" para serem usados como refúgio ou ponto estratégico militar, pelo menos desde o período romano.

Ao longo do tempo tornou-se palco de guerras e disputas entre mouros e cristãos, entre portugueses e castelhanos. Estando na posse dos árabes e sido conquistada por D. Afonso Henriques por volta dos anos de 1160/1166, ficou novamente na mão dos mouros em 1190 e mais tarde foi novamente reconquistada pelos cristãos. Passou depois a ter uma importância estratégica importante nas guerras com os castelhanos. Imagine-se a movimentação que por ali houve!

Hoje, ali tudo parece ser quietude, isolamento, lenda. Mas, se estivermos atentos, sentem-se essas passagens nas paredes, nas janelas, nas portas...Num sitio destes vê-se bem quanto tempo leva o tempo a passar. Como em cima de cidades se constroem outras cidades; como ao lado de fechaduras se colocam outras fechaduras; como se substituem as inscrições e palavras à medida que as diferentes religiões e pessoas vão passando... e como tudo passa num ápice. Percebe-se que tudo é mesmo efémero. E que relativizar tudo devia ser mesmo o nosso lema de vida!

Ali, mesmo à beirinha de Espanha, em ambiente raiano, cheiram-se contrabandos mais recentes. E naquele momento exacto, naquele minuto , em que estamos por cima do voo dos pássaros temos a sensação que se de repente abrirmos os braços e nos lançarmos lá de cima vamos, de facto, conseguir conseguir voar!

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, by Filomena Francisco

In Doces, healthy

Gelatina de Matcha e puré de Morango

Entrei a correr atrasada. Já só cheguei a tempo de lhe dar a sopa do jantar. Quase todos os dias, ao fim do dia, ando numa correria para conseguir passar pelo lar onde se encontra.Chegou um dia em que deixei de conseguir cuidar dela. Sinto uma imensa culpa mas não consegui. Lembro-me que senti esta mesma culpa quando deixava as minhas filhas na creche e quando,ao fim do dia, por qualquer motivo me atrasava a chegar à creche. É o mesmo que sinto hoje quando chego mais tarde ao lar para ver a minha mãe de 96 anos , que me teve aos 47 anos.

Se nada nos prepara para ser mãe, muito menos nos prepara para ser mãe da nossa mãe. Nem para assistir ao seu sofrimento. Nem ao seu esquecimento provocado pelo Alzheimer. Reconhece-me. Alegra-se quando chego. Muitas vezes depois fica a dormitar enquanto ali estou. Outras vezes atormenta-me com os seus sofrimentos e alucinações. A única casa de que se lembra é a da sua própria mãe e é para lá que quer ir. Às vezes acha que eu sou a mãe dela e eu brinco com isso e chamo-lhe "bébé","cãozinho", " meu cão" "bichinho" e outros nomes parvos que tenho a mania de chamar às minhas filhas e que deve parecer muito mal às pessoas que ouvem. Que se lixe!

Esta semana quando estava a dar-lhe a sopa perguntou-me: "onde esta a tua mãe? e eu respondi: - " a minha mãe és tu!" -" não sou nada deves ter uma mãe muito mais nova!"

Fiquei com os olhos marejados de lágrimas. E vivo entre ser filha e ser mãe. Os papéis nem sempre são muito claros. Porque nestes momentos preciso muito do colo das minhas filhas!

Como hoje é o tal dia da mãe, uma sobremesa para manter todas as mães, filhas, mulheres....saudáveis!

Uma gelatina feita de chá matcha, que é feito das folhas mais jovens do chá verde.Tem propriedades mais concentradas, sendo rico em antioxidantes, ajuda na perda de peso e ainda melhora o humor e a concentração.

Receita

5 colheres de sopa de óleo de coco
1/2 xícara de mel
2 colheres de chá matcha em pó
1 colher de chá de pó de ágar-ágar
400 ml de leite de arroz
100 ml de leite de coco
1 colher de sopa de extrato de baunilha
morangos q.b

Aqueça o leite de coco, 300 ml de leite de arroz com o mel, a essência de baunilha e o óleo de coco extra-virgem em uma panela até derreter, mas não cozinhar.
Em uma tigela pequena coloque o matcha em pó e adicione um pouco de água quente 2 colh sopa), mas não fervente. Mexa ambos por alguns segundos até misturar bem.Adicione à mistura anterior que estava no lume
Adicione o ágar-ágar aos 100 ml de leite de arroz restantes numa panela, enquanto ainda frio, e leve ao lume,aumente o fogo e deixe ferver por cerca de um minuto mexendo sempre. Depois bata todos todos os ingredientes numa batedeira distribua em recipientes e vai ao frio.
Para servir desenforme e servir com morangos reduzidos a puré.