"Sou o açúcar
procurando a formiga.
procurando a formiga.
Meu carreiro
não tem linha.
É um ponto, um planetário grão.
não tem linha.
É um ponto, um planetário grão.
A minha natureza
é uma inacabada caligrafia:
apenas os erros me defendem.
O amor apenas
me rasura a alma.
Com a formiga
partilho alucinogénios:
migas de paixão, migalhas de doçura." Erro Poético de Mia Couto
é uma inacabada caligrafia:
apenas os erros me defendem.
O amor apenas
me rasura a alma.
Com a formiga
partilho alucinogénios:
migas de paixão, migalhas de doçura." Erro Poético de Mia Couto
A ordem das coisas está trocada. Tudo se inverte e se torna um erro poético! A rotina aumenta, numa interminável desordem, completa inversão da rotina que tínhamos. Começo a transbordar de rotina e de saudade de pessoas!
Apetecia-me fazer uma lista, (com datas e tudo) dos eventos que quero fazer, das pessoas com quem quero estar e dos sítios onde quero ir. Dar-lhes mesmo uma data, para que não pareçam tão improváveis de acontecer! Mas a improbabilidade é o que temos agora. Impossível ter datas e dar-lhes um tempo. Logo eu que me alimento na antecipação. Antes de um evento já estou expectante, já eu vivo em pleno carnaval no coração. Pode depois até nem correr bem, mas já fui imensamente feliz a imaginar tudo! No planeamento e na expectativa! Preciso de sonhar, para conseguir continuar, direitinha no carreiro.
E no meio disto tudo, abruptamente, morre a minha mãe. As mães nunca deveriam morrer! Muito menos neste contexto da Pandemia! Apesar de que, na lógica da formiga que anda atrás do açúcar, as mães devam morrer antes dos filhos, e apesar da sua avançada idade, o Covid arrebatou-lhe a vida mais bruscamente. Eu não estava à espera...Porque estava bem. Estava infetada, mas mantinha-se sem sintomas e tudo parecia correr bem...estava tranquila e, felizmente, tranquila partiu...
Depois foi tudo horrível, não a vi mais, não sei se era ela que ali ia...numa corrida ao cemitério, quase sem ninguém...falta nisto tudo dignidade e uma parte importante qualquer que ajuda a fazer o luto. Chorei, mas sinto que não consegui chorar tudo. É como se estivesse num sonho e estivesse em esforço para chorar mas as lágrimas não saíssem!
Mas não vou falar mais disto. Sou assim! Falo muito mas... antes falar-vos de trivialidades...da falta que fazem as cabeleireiras, fechadas, neste confinamento! O que me transformou numa Rapunzel (versão ligeiramente mais escura!) de tão comprido que tenho o cabelo! E do prazer que tenho tido em cortar o cabelo a um ou outro desventurado(a), que se submete, destemido(a), à minha desengonçada tesoura de papel! (vale tudo neste tempos!). Em mim, a franja tem sido a principal vítima! E fico-me pela franja só porque não disponho de uma boa visão traseira! Mas tenho-me saído tão bem que chego a pensar se perdi uma fulgurante carreira nesta área...
Enfim! Valham-me os cortes de cabelo ! Valham-me o açúcar e o chocolate (para aqui não mencionar o alcool!). Migalhas de doçura. À falta de alucinogénios.
Prometo-vos que vou mudar este meu Mindset para receitas saudáveis! Pelo menos até ao final da Pandemia...depois é só copos e jantaradas, jantaradas e copos até aparecer uma nova Pandemia!
Ingredientes:
5 Ovos
200 grs de chocolate em barra
5 colheres de açúcar
1 colher de sopa de manteiga
200 ml de Licor de Baileys
Leve a derreter, em banho-maria, o Chocolate com a manteiga e o açúcar. Depois de derretido misture bem.
Junte as 5 gemas uma a uma, batendo bem e de seguida junte o Bailey's, batendo sempre.
À parte bata as claras em castelo bem firme e incorpore-as com cuidado no preparado anterior. Deite numa taça grande ou em taças individuais e leve ao frio de um dia para o outro. Ao servir leve também a garrafa de Bailey's, para que os convidados, se quiserem, deitem um pouco de licor por cima da sua taça.