Ronda

terça-feira, setembro 25, 2018

"Extraviou-se por desfiladeiros de neblina, por tempos reservados ao esquecimento, por labirintos de desilusão" Gabriel García Marquez



Mas não houve desilusão! No topo de um desfiladeiro rochoso e profundo, a 100 Quilómetros de Málaga, encontrámos Ronda, depois de percorrer uma estrada com uma paisagem andaluza de tirar o fôlego, até encontrar a cidade pendurada no topo.


Este desfiladeiro (El Tajo) separa a cidade nova, fundada aproximadamente no século XV, da cidade velha, que data da ocupação árabe. A Ponte Nova, impressionante pela sua altura (98 metros) foi construída no Sec. XVIII, em pedra, e atravessa o desfiladeiro unindo as duas partes da cidade.



Almejava conhecer Ronda porque fazia parte do meu imaginário há muito tempo! Desse imaginário que nos faz sonhar com um local antes de o conhecermos... e não me desiludiu, tão impregnada de alma espanhola!


A sua posição privilegiada e a quase 800 mts acima do nível do mar, tornou Ronda um local estratégico para seu povo, uma vez que era possível avistar de longe os seus inimigos,dando tempo para se prepararem para as batalhas, para além de tornarem o local num difícil acesso.




Chegámos mesmo na véspera das festas da cidade e o ambiente era já de festa, com as ruas engalanadas e cheias de gente por todo o lado. Percorremos as ruas empedradas e magníficas de Ronda, admirámos a sua Arquitetura de influência árabe, o seu desfiladeiro e caminhámos nos percursos pedestres (alguns bem pequenos) que permitem contemplar vistas deslumbrantes e panorâmicas de Ronda


Vimos a Plaza de Toros da cidade nova, apenas por fora, uma vez que a entrada era paga e dispúnhamos de pouco tempo, até à hora de almoço, para a visitar. Trata-se de uma lendária praça de touros, construída em 1785, a primeira a ser erguida em pedra, numa época em que eram construídas em madeira, para serem derrubadas ao final da temporada. É palco de uma das corridas de touros mais tradicionais da Espanha, no início de setembro, a “Corrida Goyesca”.


Em Ronda a agitação era grande também porque coincidimos com a passagem da Volta a Espanha em Bicicleta, e ainda pudemos ver passar os ciclistas antes de almoçar no restaurante que me tinha sido recomendado pelo nosso anfitrião do Airbnb, Daniel, e que eu já reservara por telefone. Para nós o dia era de festa uma vez que a minha amiga Paula completava 50 anos nesse dia e por isso almoçámos na Bodega San Francisco onde experimentámos Rabo de Toro entre outras especialidades.



Depois de almoço descemos a pé até aos Banhos Árabes, um edifício termal do tempo árabe e o melhor conservado de seu tipo na Península Ibérica. A cronologia dos banhos árabes de Ronda começa nos séculos XIII-XIV. O banho é dividido em três zonas principais, seguindo o modelo romano de edifícios térmicos: água fria, água morna e banheiros de água quente. Localizado no antigo bairro árabe da cidade, sendo o antigo quarteirão da Medina Árabe (cidade) de Ronda, os banhos foram construídos perto do Arroyo de las Culebras, um lugar perfeito para ser fornecido de água, movido por uma roda d'água. O sistema hidráulico do banho termal chegou aos nossos dias quase em perfeito estado de conservação.


Já no final do dia e cansados de caminhar dirigimos-nos para acabar o dia na Cueva del Gato a 14 Quilómetros de Ronda. Trata-se de uma caverna cheia de lagos e cavidades no interior, um local bem enigmático onde se forma um lindo lago, em que só os mais corajosos decidiram mergulhar ,dada a temperatura gélida  da água.


Houve muita coisa que ficou para ver em Ronda porque num só dia não havia tempo para mais: como o Palácio Mondragon e o Palácio do Rey Moro e La Mina. É também um sitio onde eu gostava de entardecer... dizem que pela noite as gentes se vão, tudo fica mais sossegado e é possível saborear mais a cidade!


Pelo caminho ficaram para fazer a Rota pelos Pueblos Blancos , arriscar no Caminito del Rey e visitar Setenil de las Bodegas. Regressámos a Málaga sem pressa deslumbrados com as cores do por-do-sol naquela paisagem Andaluza!


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