Alhambra de Granada
domingo, setembro 23, 2018
"Ningún poeta es inmune a la Alhambra." Julio Neira
Nenhuns olhos são imunes a Alhambra!
Os meus não me chegaram! Fui vitima de encantamento e tudo o que vi não me chegou! Preciso de voltar, com mais tempo, com menos gente, para me deleitar com cada detalhe.
E porque, para além de olhar, dá vontade de tocar existem mostruários de relevos que podem ser tocados de modo a que as pessoas toquem nas paredes e se evite a degradação pelo toque nas superfícies.
Alhambra, para mim, foi também um exercício de paciência para conseguir não apanhar gente nas fotos, o que não é fácil com a quantidade de gente que a visita!
Se a quiser visitar é mais seguro comprar bilhetes préviamente aqui (a entrada custou 14 euros cada adulto) porque tem um limite de visitantes por dia ( eu já não consegui comprar para o dia pretendido por já estar esgotado). Ao comprar estes bilhetes tem que escolher qual o horário pretendido para visitar os Palácios Nazaríes, já que existe, para os Palácios um limite de visitantes a cada hora, embora se possa circular sem limite de tempo pelo resto de Alhambra. Eu comprei a entrada para a "visita diurna", que inclui Alcabaza, Palácio de Carlos V, Palácios Nazaries, Generalife, Baño de la Mezquita e os Jardins. Para a próxima (sim, porque vou voltar!) irei comprar o bilhete para a "visita noturna" que deve ser igualmente fascinante!
Começámos a visita a norte do Castelo de Alhambra no Generalife, um castelo menor com belíssimos jardins e muitos canais. O Generalife foi a propriedade de campo dos reis náridas e o seu nome significa “O Jardim do Paraíso Elevado” o que traduz bem a beleza do local. De tão embasbacado com o local, um turista estrangeiro caiu a pique num dos canais, que ainda é fundo. Quando ouvi o estrondo na água e os gritos corri para o local porque pensei que seria uma criança. Ante o meu espanto saiu de lá um homem enorme, como se fosse uma ninfa, cheio de algas verdes penduradas no corpo e na cabeça. Ajudei-o a sair e só contive a vontade de rir perante a aflição dele com os passaportes molhados (que ainda ajudei a limpar com lenços de papel). O local deixa mesmo as pessoas enfeitiçadas!
Alhambra, é uma cidada amuralhada (medina) que ocupa a maior parte da colina de La Sabika, na cidade de Granada. Foi o último bastião da resistência árabe em Espanha, aos pés da Serra Nevada, e residência de reis árabes durante centenas de anos, abrigando nela uma fortaleza e um complexo de palácios.
A maior parte do complexo foi construída entre 1248 e 1354, nos reinados de Maomé I (o primeiro rei de Granada e fundador da dinastia dos nasridas) e dos seus sucessores. A sua base é a Arquitectura islâmica mas o domínio Muçulmano chegou ao fim em 1492, quando os nasridas foram derrotados pelos Reis Católicos que resolveram transformar Alhambra num Palácio real. É o monumento mais visitado de Espanha e o conjunto monumental foi declarado, pela UNESCO, Património da Humanidade em 1984.
Alhambra tem entalhadas nas paredes, palavras e poesias, escritas com maestra por artesãos, como se fosse um livro editado numa publicação de luxo, naquilo que chamam uma "arquitetura falante".
Autêntico cenário das mil e uma noites, cheia de labirintos de luz e sombras, abençoado pela água que está por toda a parte em canais, fontes e lagos.
Os seus elaborados sistemas de refrigeração e circulação de água demonstram a complexa engenharia do palácio que, apesar de construído no séc XIII, continuam funcionando até hoje. A água é desviada de um rio a seis quilómetros e vai dar a um canal, depois aproveitando o declive do terreno, vai irrigando todos os jardins, abastecendo os palácios e enchendo fontes e por fim voltando para o rio.
A sua reconquista, pelos reis católicos em 1492, Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, marcou o fim de 8 séculos de domínio muçulmano nos territórios que são hoje Espanha e Portugal. Os trabalhos inacabados foram nessa altura cobertos de cal, apagaram-se as pinturas e dourados, o mobiliário foi destruído ou levado para outros locais e foram erigidas novas estruturas que taparam as originais desfigurando a arte islâmica.
Em 1812, com as invasões napoleónicas algumas torres foram demolidas pelos francesas sendo intenção de Napoleão demolir todos os edifícios, o que não chegou a ser concretizado.
A intervenção cristã mais visível e polémica no complexo é o Palácio de Carlos V, um elegante projecto renascentista de Pedro Machuca, erigido em 1527, um tanto deslocado em relação ao resto do conjunto. Neste Palácio há um museu dedicado a cultura Hispano-muçulmana com entrada grátis.
Ainda dentro da bela Alhambra uma das áreas de destaque é o "Páteo de los Leones", um pátio cercado por 124 colunas e no centro com uma fonte apoiada em 12 leões de mármore.
O tempo aqui passou como se estivéssemos num tapete voador! Os guias para visitar Alhambra apontavam em 3 horas para a visita, mas nós, depois de estacionar num dos muitos parques que existem à entrada (que são pagos!), entrámos por volta do meio dia e só de lá saímos quando o sol se estava a pôr! A hora do almoço passou em branco de tão entretidos que andámos e apenas comemos umas sandes (tiradas das máquinas automáticas que se encontram no espaço).
Lá em baixo Granada (a bela romã) acenava sedutora, mesmo sob o sol escaldante. Essa cidade vibrante cheia de influências árabes! Mas já não deu tempo para a visitar e teremos que voltar só para a conhecer! Regressámos a Málaga porque ainda iríamos nos próximos dias visitar Ronda e Córdoba...
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