Compota de Amoras Silvestres

Na imensidão dos dias, na pequenez das noites. No conforto da passagem das estações . Enrolei-me na rotina. Fiz dela um manto desculpável para tudo!

Inquieta apenas pelos olhos das filhas quando me perguntam : "mãe …escreves um livro?" Como se me pedissem “mãe fazes arroz doce?".

Enrolei-me numa tristeza calada de perder, para a morte, uma amiga (mais que isso, 2ª mãe). Fico a olhar o telemóvel sem coragem para apagar o seu número. Sinto tanto a falta dela!

Inquieta apenas pela adolescência das filhas que tentam amenizar esta morte com velhas fotos ou procurando explicações de Física Quântica. "Cum catano!" Esqueceram de nos ensinar a viver com a morte!

E bordo dias com coisas simples. Como apanhar amoras. Sou cada vez mais feliz assim: com coisas aparentemente simples.

E sinto tanta falta de estar aqui. É um pedaço de mim.Desapareci. Mas fica-se preso ao que se vai criando. Chega a ser uma sensação estranha a angústia de não estar aqui. Chega a ser uma sensação estranha esta de se querer ser melhor, fazer melhor, ter mais tempo…e como num sonho mau parece que se corre e não se sai  do mesmo sítio.

Mas agora estou aqui. Num lugar muito meu. Com muita saudade. Deixando-me arranhar pelas silvas só para apanhar amoras.

COMPOTA DE AMORAS SILVESTRES

2 Kgs de Amoras

1,8 Kg de Açúcar

Sumo de 2 limões

Sumo de 1 lima

3 paus de canela

Lavam-se as amoras bem lavadas . Num tacho leva-se ao lume todos os ingredientes.

Mexe-se de vez em quando de forma a não pegar ao fundo. Deixa-se cozinhar. A compota estará pronta quando fizer o "ponto de estrada" (aproximadamente 40 minutos) . Passa-se um pouco com a varinha mágica para desfazer parte das amoras e deixa-se estar ao lume mais 5 minutos. Retira-se do lume e coloca-se em frascos de vidro préviamente esterilizados em água a ferver. Fecham-se bem os frascos e coloca-se de boca para baixo até arrefecer.